Saída de campo

25 Novembro 2017, 08:00 Francisco Fatela

Aula suplementar (8h00 - 18h30)

Com a participação dos docentes António Brum da Silveira, Carlos Marques da Silva e João Pedro Cascalho

Saída de campo de Geologia Geral.

Visita e apresentação de alguns dos aspectos mais marcantes da Geologia da Região de Lisboa, nomeadamente do ponto de vista litológico, estratigráfico, paleo-ambiental e geomorfológico.


ROTEIRO DA SAÍDA DE CAMPO:

Estação 1 _  Lagoa Azul

Observação de alguns aspectos litológicos e geomorfológicos do Maciço Intrusivo de Sintra - Serra de Sintra. Modelação do relevo, alteração dos granitos, caos de blocos.

O Maciço Intrusivo de Sintra (idade Cretácico superior) é considerado "o acidente geológico e geomorfológico de maior importância da península de Lisboa". Apresenta uma estrutura anelar, formada em duas fases de intrusão magmática distintas. A mais antiga corresponde à instalação do granito, há 84 Ma - 82 Ma, que sofreu a posterior intrusão do núcleo sienítico e do anel gabro-diorítico há 78 Ma - 76 Ma. Este anel de rochas máficas a intermédias é descontínuo e resulta da actividade de uma terceira câmara magmática que surge entre os sienitos e os granitos - a sul, e na periferia dos granitos - a norte.

 Estação 2 _  Malveira da Serra (corte na estrada Malveira-Cascais)

Estratos sedimentares (Jurássico superior, 160 Ma - 146 Ma), a sul da Serra de Sintra, deformados e metamorfizados (metamorfismo de contacto: recristalização/ metassomatismo) pela instalação do Maciço Intrusivo Sintra.

- Encaixante sedimentar junto ao Maciço: Calcários de S. Pedro (160 Ma -154Ma) que correspondem a mármores brancos ou azulados (recristalização); seguindo-se os Xistos do Ramalhão (154 Ma – 146 Ma) correspondentes à alternância bancadas finas de calcário compacto, de cor cinzento escuro e leitos margosos (metassomatismo).

- Este conjunto é cortado por vários filões.

 Estação 3 _  Praia Grande (extremo sul)
Estação 5 _  Freixeira - junto à fàbrica da Copal [cancelada]
Estação 6 _  Ribeira de Casaínhos

  • Manto Basáltico de Lisboa-Mafra (200 Km2 de extensão: Lisboa-Sintra-Mafra-Runa)
  • Idade: Fim do Cretácico (ca. 72 Ma).
- Escoadas basálticas com vários metros de espessura; apresentam disjunção prismática e disjunção esferoidal nalguns locais; os basaltos variam de afaníticos a porfíricos (fenocristais de olivina e piroxena) é possível observar vesículas preenchidas na base da escoada (por vezes com pequenos geodes) sobre um estreito nível de escória vulcânica que faz a transição entre os piroclastos e estes basaltos.    

Estratos sedimentares (Cretácico médio, 120 Ma – 115 Ma) a norte da Serra de Sintra, verticalizados pela intrusão do Maciço Intrusivo de Sintra. Esta sequencia sedimentar - Camadas de Almargem – é composta por uma sucessão de bancadas de calcários a que se seguem arenitos grosseiros, siltes e argilas de diversas cores.

- Pegadas de Dinossaurios (Megalosauros, carnívoro, 8 metros de comprimento, e Iguanodon, herbívoro e bípede, 10 metros de comprimento e 5 metros de altura) visíveis em camadas verticalizadas.

- Alguns aspectos da sedimentação actual; concentrações de minerais pesados na areia da praia.

 Estação 4 _  Penedo do Lexim

Chaminé basáltica que integra o Complexo Vulcânico Lisboa-Mafra (Cretácico superior, ca. 72 Ma). Afloramento destacado entre calcários margosos e margas argilosas (devido a erosão diferencial. É constituído por basaltos afíricos a porfíricos (fenocristais de olivina e piroxena); mostra disjunção prismática e corresponde à zona de enraizamento da chaminé vulcânica.

- Panorâmica das superfícies de aplanação, do encaixe das linhas de água, dos relevos vulcânicos residuais e da Serra de Sintra.

Arenitos e argilas com raros níveis de calcários (Cretácico inferior, ca. 130Ma)

- Arenitos (provavelmente ambiente continental de baixa profundidade) apresentando granularidade alternadamente mais grosseira e mais fina (por vezes argilosos), indicando assim condições hidrodinâmicas variáveis.

- Níveis de carvão bem marcados servem de horizonte-guia e dão indicação sobre o clima em que se formou e as condições essencialmente redutoras do meio. Estas condições são também postas em evidência pela ocorrência de pirite diagenética, constituindo por vezes o próprio cimento do material arenítico.

- A fase de posterior oxidação das rochas, é visível na patine de ferruginização que cobre a superfície do afloramento.

- Observação de “chaminés de fada”.

- Em corte é possível observar a zonação do solo, com os vários horizontes desde a rocha mãe.

Actividade ígnea vulcânica com alternância de fases explosiva (piroclástica) e efusiva (escoada basáltica) que se instala sobre os calcários com Rudistas do Cenomaniano superior (ca. 95 Ma – base do Cretácico superior).

Neste corte são visíveis da base para o topo:

- Bancadas de calcários com rudistas (margem direita da ribeira e a jusante da ponte), que sofreram levantamento e carsificação;

- Nível piroclástico com vários leitos de tufos e de brechas vulcânicas, de cor vermelha forte; variam de maciços (agora alterados e com aspecto argiloso) a vesiculares com texturas vulcanoclásticas (fragmentos de lava e/ou minerais muito angulosos aglutinados por materiais mais finos também de natureza vulcânica) - visíveis nas rochas que constituem o leito da ribeira.