Aula T 9
7 Abril 2021, 16:00 • Maria da Conceição Pombo de Freitas
Aula via zoom.
A cartografia de suscetibilidade e vulnerabilidade a determinado fenómeno natural visa a descrição do território e sua resposta face à ocorrência de fenómenos potencialmente danosos.
Inclui a cartografia das áreas susceptíveis assim como, a indicação de medidas restritivas ou mitigadoras visando a salvaguarda e segurança de pessoas, bens e meio ambiente.
Numa ótica de planeamento a cartografia de vulnerabilidade tem como principal objetivo a adequação das caraterísticas do território às necessidades das populações;
Numa ótica de proteção civil, estas matérias são analisadas do ponto de vista dos danos em pessoas e bens mas, procurando igualmente a definição dos locais mais adequados para a instalação dos meios e agentes de proteção civil;
Numa ótica de reabilitação urbana, a existência desta informação é preponderante e deve ser usada no sentido do estabelecimento de alinhamentos de edifícios mais vulneráveis a determinados fenómenos. Devem ser promovidas condições de mitigação e não agravamento dos fenómenos.
2. Vulnerabilidade a Inundações
2.1. – Caraterização do território do ponto de vista da vulnerabilidade a inundações
A definição das áreas sujeitas a inundações teve como base a análise de diversos parâmetros, entre eles os registos da precipitação, a análise do registo de situações de intervenção do Regimento de Sapadores Bombeiros e da Brigada de Colectores da CML, no período compreendido entre 1972 e 2006, e das ocorrências de dia 26 de Novembro de 1967. Não foram tidas em conta as situações de rutura na rede de saneamento e /ou abastecimento assim como o rebentamento de barragens na Bacia do Vale do Tejo.
Foram ainda usados dados referentes à geomorfologia, efeito de maré direto, grau de permeabilidade das formações geológicas e presença de estruturas e infraestruturas. Estes dados foram cruzados com o Sistema Húmido e com o Sistema de Transição Fluvial-Estuarino.
O cruzamento destas variáveis permitiu a definição de 4 classes de vulnerabilidade a inundações.
2.2. – Vulnerabilidade da zona ribeirinha provocada pela sobrelevação de maré como consequência da futura subida do nível médio do mar
O estudo teve em conta:
§ Avaliação de cenários de subida do NMM com sobreposição dos efeitos de variação de maré, sobrelevação meteorológica e setup de vento;
§ Dados dos marégrafos de Cascais e Lisboa;
§ Cenários do NOAA (National Oceanic and Athmosferic Administration) – Jan 2017;
§ 5º Relatório do IPCC;
Assumiu como pressupostos:
§ Subida entre 0,45 – 2,6m
§ Intervalo temporal até 2100
Permitiu a definição de duas plantas, para os intervalos temporais de 2050 e 2100 com a delimitação das zonas inundadas se se verificarem os cenários propostos pelos dados base.
Esta definição permitiu o estabelecimento da cota mínima para implementação de novas estruturas.
2.3. – Medidas de mitigação previstas no PDM
As medidas apresentadas assumem carácter generalista e visam a mitigação dos impactos na sequência de uma inundação, nomeadamente a segurança de pessoas, bens e ambiente.
§ Recomenda-se que qualquer tipo de intervenção no subsolo, em área de elevada a muito elevada vulnerabilidade a inundações, seja acompanhado de um Estudo Geológico, Geotécnico e Hidrogeológico específico para o local;
§ Recomenda-se que a construção a desenvolver esteja de acordo com o grau de permeabilidade local, devendo ser promovidas condições que assegurem o escoamento através das formações locais ou através dos sistemas de adução e distribuição de água. As fundações das estruturas e infraestruturas deverão assegurar igualmente a percolação de água;
§ Tendo conhecimento que as situações de inundação ocorrem em momentos de queda de fortes precipitações intensas, recomenda-se que a fase de obra coincida com o período seco;
§ A fim de salvaguardar a construção a ser realizada em pisos subterrâneos, deve ser efetuado, um acompanhamento do projeto por parte do RSB em termos de dimensionamento dos sistemas de bombagem a integrar;
§ Recomenda-se evitar a construção ou instalação de equipamentos que originem concentração de pessoas com mobilidade reduzida;
§ Recomenda-se que as medidas de intervenção propostas no sistema de drenagem da Baixa Pombalina, entrem em linha de conta com o efeito de suscetibilidade direta ao efeito de maré e possibilidade de sobrecarga dos coletores, por queda de precipitação intensa, de modo a evitar situações de inundação;
§ Face à possibilidade de aparecimento de zonas inundáveis na ocorrência de Tsunamis, recomenda-se que na fase de implementação do projeto, sejam assegurados processos de monitorização e fiscalização eficazes.
2.4. – Medidas mitigadoras dos efeitos das inundações urbanas – Lisboa
Plano Geral de Drenagem de Lisboa
- Estratégia de drenagem visando:
• Controle e minimização dos riscos de inundação;
• Aproveitamento do recurso.
- Conciliação de técnicas:
• Soluções complementares, de cariz mais local;
• Soluções estruturantes, de cariz mais geral;
• Modelação e gestão de informação em tempo real.
As principais intervenções estruturantes e complementares propostas são as seguintes:
1. Túneis para desvios de caudais: Campolide- Sta. Apolónia / Chelas-Beato;
3. Reforço do coletor da Bacia da Avenida de Berlim;
4. Bacias de retenção (Alto da Ajuda e Ameixoeira);
5. Reabilitação e reforço de coletores de redes primárias e secundárias (e.g., coletores de ambas as margens do Caneiro de Alcântara, da Avenida de Berna, e do Museu do Traje);
6. Reabilitação do trecho final do Caneiro de Alcântara;
7. Redução das perdas de carga localizadas (e.g., câmara da Rua de S. José/ R. Telhal ou câmara junto do Hotel Mundial);
8. Reabilitação e controlo de caudais em descarregadores;
9. Captação de escoamento de superfície (sarjetas de passeios e sumidouros);
10. Soluções de controlo na origem. As soluções de controlo na origem incluem trincheiras de infiltração, pavimentos porosos, poços absorventes e bacias de infiltração.