Leibniz-Clarke, Parte II

16 Novembro 2016, 10:30 Ricardo Lopes Coelho

1.2 Conservação e percepção.
Conservação diz respeito à lei de conservação defendida por Leibniz e criticada por Clarke. Trata-se da conservação da vis viva, dada por mv2. Leibniz apresenta a lei pela metáfora do relógio perfeito, o mundo funciona por si desde a criação. Clarke critica-a duma forma socialmente efectiva para o tempo.
Neste contexto discutem os poderes naturais: para Clarke não há poderes naturais, Deus mantém o universo em cada instante. A inércia da matéria torna-se igualmente tema. O elemento crucial prende-se com a interpretação do choque inelástico. Leibniz defende que não há perda de força (portanto de mv2), porque o movimento visível dos corpos, antes do choque, passaria para as partes mais pequenas dos corpos, que seriam agitadas.
No tópico conservação, tem também lugar a discussão sobre a acção dos agentes no mundo: se Deus e a alma agem no mundo ou no corpo, então aumenta a quantidade de força no universo. Leibniz recorre à harmonia pre-estabelecida entre alma e corpo para justificar que eles são conformes, mas não interagem. Para se compreender este recurso, foi dada uma ideia da forma de composição musical 'contraponto'.
 A acção de Deus no mundo levou à discussão da gravitação: para Clarke, Deus move os planetas em torno do Sol; para Leibniz, isso é um milagre permanente, ao qual a teoria se viria obrigada a recorrer.

O tópico percepção decorreu duma passagem da Óptica de Newton. Tratava-se de saber como a alma percepciona. Como Clarke defende que as imagens são presentes à alma, a discussão levou a tratar a 'extensão da alma': trata-se dum ponto ou tem extensão, perguntava Leibniz. Para Clarke a extensão não implica divisibilidade; a alma não seria divisível por ser substância simples.