Alteridade e Tecnologia do Humano: "arte(f)actores" como máquinas miméticas

17 Março 2022, 16:00 Alexander Mathias Gerner

“We are AI”(Holly Herndon). Reflexão acerca da máquinas criativas” 


A filosofia da tecnologia do humano envolve o estudo dos processos tecnológicos de projetar, melhorar, desenvolver e produzir novos artefactos técnicos (humanos), e especialmente foca-se nos processos, técnicas, sistemas e tecnologias do humano que atualmente e no futuro colocam questões éticas, sociais, jurídicas e políticas para a o entendimento do ser humano como alterado, aumentado, duplicado, melhorado ou diminuído nas suas possibilidades de sustentabilidade da vida, da experiência e sociedade. Estes problemas dinâmicos atuais do devir outro (alteridade) e as suas projeções futuras podem incluir a natureza do design, o estudo do gesto, os fundamentos do conhecimento tecnológico e de artefactos técnicos como os Avatares ou agentes artificiais, bem como uma visão crítica sobre os meios e ferramentas técnicas de cientistas, engenheiros, artistas ou médicos. Em que sentido podemos falar de máquinas criativas? Robôs podem ser artistas ou mesmo actores num palco? Algoritmos podem ser autores de romances, ou criadores de filmes? Podem as máquinas criar algo novo ou diferente ou meramente variar estilos já pre-existentes? Embora se referindo a "Arte(f)actores" na dupla noção de artefacto e de actor, ambos os termos tornam-se problemáticos em vez de já clarificados à partida. Assim, arte(f)actores confrontam-nos com a necessidade de repensar a nossa ideia do homem-máquina e da diferença entre definições de criatividade e da arte nos sonhos tecnológicos e da sua história em exemplos das máquinas criativas. Os arte(f)actores no sec. XXI são activados por sistemas da IA algorítmico formalizado que não só incorpora modelos e algoritmos formais, mas sobretudo mostram-se como máquinas miméticas como se fosse ("as if") um actor (humano). Mas: pode haver uma "máquina criativa" ou mesmo uma "máquina improvisadora", ou serão "falsos positivos" de máquinas, em que as simulações produzem fenómenos miméticos que parecem improvisação ou criatividade, mas quando analisados mais de perto, não o são? Será que os arte(f)actores como máquinas miméticas tornara-nos outros seres humanos?